MEU FILHO ESTÁ PRONTO PARA EXPERIMENTAR ALIMENTOS EM PEDAÇOS?
Saiba que:
Nos primeiros meses de vida, o bebê não tem capacidade neurológica e muscular de ingerir alimentos sólidos. A partir dos 6 meses, a criança está pronta para receber alimentos de consistência mais pastosa, como papa de legumes, verduras, carnes e cereais, bem como papa de frutas.
Gradualmente cada alimento precisa ser introduzido pelos pais, adaptando-se às necessidades e habilidades da criança. Esta irá se acostumar aos novos sabores, odores, temperaturas e consistências dos alimentos.
A consistência, cada vez mais sólida, estimula:
- Mastigação;
- Adequada oclusão dentária;
- Desenvolvimento do aparelho fonoarticulatório, refletindo no desenvolvimento da fala;
- Respiração nasal;
- Força muscular adequada de lábios, língua e bochechas.
Quais as razões que levam os pais a não oferecer alimentos em pedaços à criança independentemente da orientação do pediatra?
- Medo que a criança engasgue;
- Crença de que a criança não tem condições musculares para mastigar.
Em que fase seu filho se encontra?
Faixa etária |
Mastigação |
Consistência alimentar |
Até 6º mês |
Não |
Leite materno. |
6º mês |
Erupção dos primeiros dentes – padrão primitivo de mastigação |
Alimentos amassados de diferentes sabores e texturas. |
7º mês |
Mordida repetitiva |
Alimentos com pedaços pequenos e macios. |
9º mês |
Movimentos verticais voluntários com movimentos diagonais e rotatórios da mandíbula, transferindo o alimento do lado ao centro da cavidade oral e vice-versa |
Alimentos com pedaços pequenos e duros. |
9º mês – 12º mês |
Padrão similar ao adulto |
Alimentos próprios da família (em grãos). |
Qual a melhor forma de introduzir alimentos em pedaços na dieta de seu filho?
- A criança precisa de um treino alimentar diário para ter habilidade nesta atividade, assim como qualquer adulto – adaptação do corpo a um novo marco de desenvolvimento.
- Escolha um lugar tranquilo para realizar o treino alimentar.
- O treino alimentar deve ser prazeroso, possibilitando troca de afetos (sorrisos, conversas) entre criança e pais.
- Entretanto, dificuldades podem surgir. A criança pode estranhar a consistência do alimento. É importante não desistir dos alimentos em pedaços se seu filho pareceu não gostar da primeira vez. De início, pode ser que ele não aprecie muito a consistência, mas vale a pena insistir. Faça várias tentativas ao longo do dia. Pode demorar um pouco para ele aceitar a novidade.
- É importante lembrar que, nas primeiras tentativas, é comum que a criança brinque com o alimento e que, no final, haja mais comida no chão, na mesa, na roupa que efetivamente em sua boca. Isso faz parte do treino alimentar! Deixe a criança explorar o alimento com as mãos e a ajude, posteriormente, a colocá-lo na boca.
- A ansiedade e o medo dos pais em relação à introdução de alimentos em pedaços podem dificultar o treino alimentar.
- Os engasgos e a tosse fazem parte deste aprendizado. Não se assustem! Passe para a criança a confiança de que tudo vai dar certo e que ela pode fazer outras tentativas. A criança tem condições neurológicas de proteger os pulmões durante o ato de se alimentar.
- Comece com pedaços de alimentos mais macios, que não necessitem da mastigação e sim do amassamento com a língua. O fato da criança ter contato com esses pedaços faz com que ela acostume a sensibilidade da boca, aceitando posteriormente os pedaços mais duros.
- Preste atenção aos sinais que seu filho dá. Tente começar pelo alimento em pedaço que seu filho tem maior aceitação (exemplo: sequilho, etc).
- O treino alimentar deve ocorrer no intervalo das refeições principais: lanche da manhã e/ou da tarde. Quando você perceber que seu filho já está apresentando bom desempenho, introduza essa mesma consistência nas refeições principais (café da manhã, almoço e jantar).
- Além da importância da consistência, a alimentação deve ser composta por alimentos ricos em energia e micronutrientes, como ferro, zinco, cálcio, vitamina A e vitamina C. Siga sempre a orientação do pediatra.
BIBLIOGRAFIA
- Giugliani ERJ, Monte CMG. Recomendações para alimentação complementar da criança em aleitamento materno. Jornal de Pediatria 2004; 80 (5)
- Pediatric Nutrition Handbook. American Academy of Pediatrics. Ronald E.Kleinman ed. USA: AAP Press 6th edition: 2009
- Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. Manual de Orientação: Alimentação do Lactente, Pré-Escolar, Escolar, Adolescente. São Paulo; 2006/2008.
- Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Comitê de Motricidade Orofacial. Documento oficial 04/2007. São Paulo 2007