16 de agosto de 2023 by Paralelo Gestão 0 Comments

MEU FILHO ESTÁ PRONTO PARA EXPERIMENTAR ALIMENTOS EM PEDAÇOS?

Saiba que:

Nos primeiros meses de vida, o bebê não tem capacidade neurológica e muscular de ingerir alimentos sólidos. A partir dos 6 meses, a criança está pronta para receber alimentos de consistência mais pastosa, como papa de legumes, verduras, carnes e cereais, bem como papa de frutas. 

Gradualmente cada alimento precisa ser introduzido pelos pais, adaptando-se às necessidades e habilidades da criança. Esta irá se acostumar aos novos sabores, odores, temperaturas e consistências dos alimentos. 

A consistência, cada vez mais sólida, estimula: 

  • Mastigação;
  • Adequada oclusão dentária;
  • Desenvolvimento do aparelho fonoarticulatório, refletindo no desenvolvimento da fala;
  • Respiração nasal;
  • Força muscular adequada de lábios, língua e bochechas.

Quais as razões que levam os pais a não oferecer alimentos em pedaços à criança independentemente da orientação do pediatra?

  • Medo que a criança engasgue;
  • Crença de que a criança não tem condições musculares para mastigar.

Em que fase seu filho se encontra?

Faixa etária

Mastigação

Consistência alimentar

Até 6º mês

Não

Leite materno.

6º mês

Erupção dos primeiros dentes – padrão primitivo de mastigação

Alimentos amassados de diferentes sabores e texturas.

7º mês

Mordida repetitiva 

Alimentos com pedaços pequenos e macios.

9º mês

Movimentos verticais voluntários com movimentos diagonais e rotatórios da mandíbula, transferindo o alimento do lado ao centro da cavidade oral e vice-versa

Alimentos com pedaços pequenos e  duros.

9º mês – 12º mês

Padrão similar ao adulto

Alimentos próprios da família (em grãos).

Qual a melhor forma de introduzir alimentos em pedaços na dieta de seu filho? 

  1. A criança precisa de um treino alimentar diário para ter habilidade nesta atividade, assim como qualquer adulto – adaptação do corpo a um novo marco de desenvolvimento.
  2. Escolha um lugar tranquilo para realizar o treino alimentar.
  3. O treino alimentar deve ser prazeroso, possibilitando troca de afetos (sorrisos, conversas) entre criança e pais.
  4. Entretanto, dificuldades podem surgir. A criança pode estranhar a consistência do alimento. É importante não desistir dos alimentos em pedaços se seu filho pareceu não gostar da primeira vez. De início, pode ser que ele não aprecie muito a consistência, mas vale a pena insistir. Faça várias tentativas ao longo do dia.  Pode demorar um pouco para ele aceitar a novidade.
  5. É importante lembrar que, nas primeiras tentativas, é comum que a criança brinque com o alimento e que, no final, haja mais comida no chão, na mesa, na roupa que efetivamente em sua boca. Isso faz parte do treino alimentar! Deixe a criança explorar o alimento com as mãos e a ajude, posteriormente, a colocá-lo na boca.
  6.  A ansiedade e o medo dos pais em relação à introdução de alimentos em pedaços podem dificultar o treino alimentar. 
  7. Os engasgos e a tosse fazem parte deste aprendizado. Não se assustem! Passe para a criança a confiança de que tudo vai dar certo e que ela pode fazer outras tentativas. A criança tem condições neurológicas de proteger os pulmões durante o ato de se alimentar.
  8. Comece com pedaços de alimentos mais macios, que não necessitem da mastigação e sim do amassamento com a língua. O fato da criança ter contato com esses pedaços faz com que ela acostume a sensibilidade da boca, aceitando posteriormente os pedaços mais duros.
  9. Preste atenção aos sinais que seu filho dá. Tente começar pelo alimento em pedaço que seu filho tem maior aceitação (exemplo: sequilho, etc).
  10.  O treino alimentar deve ocorrer no intervalo das refeições principais: lanche da manhã e/ou da tarde. Quando você perceber que seu filho já está apresentando bom desempenho, introduza essa mesma consistência nas refeições principais (café da manhã, almoço e jantar).
  11. Além da importância da consistência, a alimentação deve ser composta por alimentos ricos em energia e micronutrientes, como ferro, zinco, cálcio, vitamina A e vitamina C. Siga sempre a orientação do pediatra.

BIBLIOGRAFIA

  1.  Giugliani ERJ, Monte CMG. Recomendações para alimentação complementar da criança em aleitamento materno. Jornal de Pediatria 2004; 80 (5)
  2. Pediatric Nutrition Handbook. American Academy of Pediatrics. Ronald E.Kleinman ed. USA: AAP Press 6th edition: 2009
  3. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. Manual de Orientação: Alimentação do Lactente, Pré-Escolar, Escolar, Adolescente. São Paulo; 2006/2008.
  4. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Comitê de Motricidade Orofacial. Documento oficial 04/2007. São Paulo 2007

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