ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL
As crianças aprendem a falar nos primeiros anos de vida. Primeiro ela aprende o significado das palavras, antes de aprender a gramática. Para isso, é importante que as pessoas ao seu redor conversem com ela. A imitação desempenha um papel fundamental nesse processo. Além disso, os adultos modelam os primeiros sons da criança em palavras e então, as palavras em sentenças, ao reforçarem aquelas que são compreensíveis e “corretas”. Desta forma, os adultos são considerados facilitadores de todo esse processo.
Portanto, os nomes que os adultos vão dando aos objetos, o uso de uma linguagem mais simples com a criança, as repetições, as variações das formas gramaticais e as expansões das sentenças da criança são considerados processos essenciais na aquisição e desenvolvimento da linguagem oral.
Além da prontidão biológica e neurológica, a criança também assume um papel vital nesse processo, pois levanta hipóteses sobre a regularidade da linguagem do adulto e tenta aplicar em sua própria linguagem.
A seguir será correlacionada a idade cronológica e as possíveis aquisições da criança.
Do nascimento até aproximadamente 1 mês, os bebês se comunicam por meio do choro. Os pais identificam os diferentes tipos de choro atendendo a necessidade do bebê. Para isso é necessário tempo e esforço para associar um padrão específico a um problema particular do bebê.
A partir de 1 mês, o bebê começa a adicionar alguns sons diferentes ao seu repertório. O gorjeio (jogo vocal) é mais comum, ou seja, vogais em longas extensões (ex: uuuu). Os sons são contínuos, repetitivos e guturais. Não há intenção comunicativa. Estes sons parecem estar associados a situações agradáveis para ele, além de permitir estabelecer uma relação social entre o adulto e o bebê.
Com 4 a 6 meses, o bebê começa a usar uma gama maior de sons, incluindo as consoantes (como “gagá”, “babá”, “mama”, “papa”). É considerado o período do balbucio. O bebê faz associação entre o padrão motor da fala com aquilo que ele escuta. Ele presta atenção nos movimentos da boca do adulto, repetindo as sílabas continuamente. O principal aspecto que distingue esse período do anterior é que o bebê gasta mais tempo fazendo os sons com padrão de entonação e ritmo semelhante ao da fala. A estimulação e a repetição desses sons feita pelo adulto são essenciais para ele continuar essa brincadeira e descobrir novos sons. Neste estágio há intenção comunicativa.
Aproximadamente a partir de 1 ano de idade, a criança pode emitir a primeira palavra. Este é um evento muito esperado, porém o adulto deixa de notá-lo, porque as palavras não parecem com as da língua que ele ouve. Para que um som seja considerado uma palavra, neste estágio, ele não precisa ser igual a qualquer som falado pelos adultos ao seu redor (ex: eca – boneca; apatu – sapato). A criança usa uma palavra e sabe o que ela significa.
Em um segundo momento, a criança usa uma única palavra que consiste no significado de toda uma sentença (ex: aua – Eu quero água!). Há uma mensagem sendo transmitida. Ela faz uso da entonação, gestos e situações para dar sentido ao que está falando. Percebe a importância da fala e o enorme poder que representa o fato de ser capaz de expressar suas necessidades.
Com aproximadamente 2 anos, a criança aprende como juntar duas palavras para produzir sentenças que terão a mesma função. (ex: “É meu”, “Bola nenê”, “Qué água”). Normalmente essas frases não têm o uso de elementos conectivos (ex: papato papai – o sapato é do papai)
Aos 2 anos e meio, a criança é capaz de formar frases. Ela usará nomes e verbos juntos para formar frases completas, embora simples (ex: “Eu quero água agora”). Os elementos gramaticais estão presentes, porém não são empregados de forma adequada. A partir dessa idade aparece a narrativa, pois ela já tem o domínio do código oral.
ORIENTAÇÕES: O que você pode fazer nessa etapa de desenvolvimento?
- Converse com seu filho – O estímulo verbal ajuda a criança a ter o modelo correto na primeira infância. Leia um livro em voz alta, cante para o bebê enquanto estiver no banho, converse enquanto estiver trocando a fralda e dando de mamar. Descreva o que você está fazendo: “Agora a mamãe vai colocar você na água quentinha”. Depois dê um tempo para que ele responda com um sorriso ou olhando nos seus olhos e atribua significado a essa resposta.
- Converse sem infantilizar a fala (com mesmo tom de voz).
- Aumente o vocabulário aos poucos, ensinando novas palavras e correlacionando com os objetos.
- Adapte a linguagem ao nível de entendimento da criança – fale com sentenças curtas, gramaticalmente bem formuladas e simples. Simplificar a forma como fala ajuda seu filho a compreender o que você quer dizer.
- Não simplifique as palavras cotidianas como “papa” para comer, “mama” para mamadeira. Sempre diga o nome correto dos objetos e/ou ações.
- Use variação de entonação e velocidade da fala.
- Use vocabulário concreto e contextualizado a uma determinada situação.
- Repita a frase com pequenas variações da forma gramatical: “Cadê a bola? A bola está aí! Dá bola para mamãe. Dá a bola pra mim”.
- Prolongue as sentenças. Se a criança diz “Sapato João”, o adulto pode dizer “Este sapato é do João”.
- Use um pouco do seu tempo diário em atividades lúdicas com seu filho. Leia livros, cante músicas, conte histórias e estimule a criança repetir pequenas partes do que está sendo lido.
- Dê reforço positivo as aquisições da criança
Quando se preocupar…
- Bebês que não emitem nenhum som e não olham nos seus olhos pode ser indicativo de problema de audição. Eles param de balbuciar por volta dos 6 meses.
- Crianças que não falam nenhuma palavra a partir de 1 ano de idade ou o adulto não consegue entender nenhuma palavra do que ela diz.
- Crianças com 3 anos que omitem letras para falar (dizendo “asa” para “casa”, por exemplo) ou a substitue por um som ou uma sílaba por outra (dizendo “papato” ao invés de “sapato”, por exemplo).
- Crianças com disfluência persistente. A maior parte das crianças apresentam disfluência (alteração do ritmo de fala) durante a aquisição de fala. Pode ser que estejam aceleradas demais pela vontade de contar o que se passa por sua cabeça e não consigam escolher as palavras certas na hora. Por outro lado, esse ritmo deve voltar ao normal.
Fique atento e procure ajuda de um especialista!